Na confusão do que sentia,
se isolou. Criou um mundo só seu, onde não havia nada além dela mesma.
Perdia-se em pensamentos e sofria por não saber o que estava se passando.
Na criação de uma cápsula,
não levou nada. O local era frio, escuro, ermo. Sentava num canto, em posição
fetal, tentando ignorar os calafrios que a dominavam.
Com o tempo, começou a se
adaptar ao lugar. O frio se tornou mais suportável, seus olhos enxergavam na
escuridão. Apesar de sozinha, seus pensamentos inquietantes se tornaram amigos.
Não que o ambiente inóspito fosse confortável, não era, mas viu que se tornara
parte daquele espaço.
Por momentos, muitos,
diga-se de passagem, sentia falta de tudo que antes a dominava, sentimentos que
não mais sentira e fatos que, certamente, nunca iriam se repetir.
Quanto mais o tempo passava,
mais se habituava ao que lhe rodeava. Percebeu que se tornara tão fria,
silenciosa, solitária quanto tudo que lhe cercava.
Um dia, alguém se aproximou
de sua cápsula. “Como ele chegou até aqui?”, pensou ela. A pessoa era quieta e
não demonstrava interesse na menina. Tomada de coragem, resolveu falar, mas
algo estranho aconteceu: sua voz não saia. Levantou-se e foi até o visitante.
Acenava, gesticulava e tentava, de forma inútil, gritar. Nada.
Após tentativas frustradas
de contato, sentou-se em seu canto mais uma vez. Refletiu por horas e percebeu
o óbvio: havia se tornado parte daquele local. Transformou-se em algo
invisível, sem vida. Tornou-se a própria solidão.
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